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Melhor a paz em terras estrangeiras, do que tormento em casa

  Ainda quando pequeno Salim e sua família deixaram a Palestina rumo a Síria, tentando fugir do conflito Israelo-palestino que ainda se perpetua até os dias de hoje. Ironicamente, Salim teve que deixar a Síria por conta dos conflitos que hoje assolam o país que por muito tempo lhe acolheu.




Antes mesmo da guerra civil, a Siría, assim como o Brasil, nunca apresentou um cenário político social muito estável durante o governo de Bashar al-Assad, sucessor de seu pai Hafez. Em 2011, na cidade de Deraa foi cenário de diversos protestos pró-democracia inspirados pelos levantes da Primavera Árabe em países vizinhos. E após a resposta violenta do governo contra dissidentes, enclodiram manifestações pedindo a renúncia do presidente. O cenário de revolta cresceu juntamente com a repressão, dando início a um conflito armado que a principio era para defesa. Toda essa tensão foi alimentada após a promessa  de Assad de findar com o “terrorrismo apoiado por estrangeiros”.
Dentro desse cenário de guerra e instabilidade, no ano de 2014 Salim decidiu deixar seu país rumo ao desconhecido, tentando fugir da desgraça que o rodeava. “Lá é ou mata ou morre, eu escolhi fugir”. Até o ano passado, o Brasil já havia recebido 65 mil solicitações de refúgio e cerca de 5.300 refugiados, sendo 39% deles, sírios
Salim deixou sua família no Líbano e seguiu o exemplo de seu pai, que veio para o Brasil dois anos antes. Aqui foi recebido por Hassam, dono do restaurante palestino Al Janilah, um local de político cultural onde é preservado o dialogo de paz dentro da comUnidade, assim é como é descrito o restaurante. Nesse local de acolhimento, o refugiado conta que encontrou liberdade. “Se não fosse pelo Hassam, eu não estaria aqui, bem como eu ‘’. Ele foi como um pai para mim.”
A guerra síria já matou cerca de 353.900 pessoas, dentro desse número 106 mil civis até março de 2018, sem contar os desaparecidos e feridos durante ataques. “Você se acostuma com a desgraça, ver gente machucada ou morta na rua já é dia-a-dia”, conta o refugiado. Quando perguntado sobre o que sente quando vê matérias sobre a guerra na mídia brasileira, ele diz “Eu não sinto nada. Isso que vocês vêem é um flash, é muito pior ‘tá’ lá todos os dias".
Há quase cinco anos aqui, Salim ainda se surpreende com os choques culturais entre seu país natal e o Brasil “Aqui é normal ver homem com homem, mulher com mulher, isso não pode no país”, ele também nos conta o quanto se admira com diversidade que nos rodeia todos os dias.  Pai de uma menina de 2 anos, ao tratar de como irá transmitir sua cultura para sua filha, ele enfatiza “Ela tem liberdade de escolher o que ela quiser seguir.” O refugiado ainda revela que se sente em casa no Brasil, um país que é culturalmente muito diferente da sua origem e com muitas instabilidades mas que, ainda assim,  lhe ofereceu um lugar de paz.

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